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Foto do espetáculo Donka - Uma Carta a Tchekhov |
Queria que a chuva limpasse meus olhos e me fizesse enxergar
dentro de mim um caminho. Queria poder caminhar numa rotina sem dramas e
tramas, mas parece que Deus só me deu dúvida.
Onde estar? O que fazer? Como escrever? Estou farto dessa
névoa que acomete minha visão, catarata que turva minha estrada.
São tantos caminhos.
Cabe-me a observação de que até a
maior estrela explode, brilha e se apaga. E mesmo sabendo disso, não me acalma
o peito acelerado.
Queria a certeza da árvore que
mesmo podada cresce seguindo seu rumo, enquanto os homens se iludem que sua
importância é tal que as plantas não existiriam sem eles, zeladores do pouco
verde que deixaram.
Eu vejo a teia de possibilidades
pelas linhas da minha mão áspera, destinos cruzados e amores rasgados.
Noto em mim a imaturidade da
negação, nego-me o dever de aprender a me poupar, escondo de mim mesmo o
caminho certo pra sair dessa adolescência monetária.
Eu sou minha própria chuva, minha
catarata e minha dúvida.
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