Ele corria pelo asfalto
áspero da cidade, seu tênis puído pelo tempo já sabia o caminho. Correu como
uma criança que foge do monstro que vive embaixo da cama. Sua boca soltava
fumaça de ar frio.
Amassado no bolso de sua calça
uma foto em preto e branco, um corpo suave delineado pela luz de uma grande
janela. Nunca mais tocá-la. Ainda existe o desejo de salgar a boca entre suas
pernas e no entanto, ele corria.
Talvez tenha corrido
durante toda a noite, talvez ainda continuasse a correr. A camiseta de banda suada
e em seu olho garoa.
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