A chave penetra na fechadura e gira. A sala mal iluminada
com algumas roupas jogadas no sofá tem um cheiro de lugar seguro. Ninho. Ele
joga sua bolsa no chão e tira a camisa enquanto anda pro quarto.
Amanhã é dia de lavar a roupa, acusa o balde de roupas
sujas. Ele chuta os tênis velhos para debaixo da cama e faz cestas com o par de
meias, abre o zíper e a calça escorrega silenciosamente sem se importar com os pêlos
da perna. Vai até o rádio e aperta o PLAY. Ele arranca a cueca e caminha pelado
para o banheiro, o barulho da urina no vaso o diverte.
Liga o chuveiro e ergue a cabeça para que as primeiras gotas
caiam sobre sua testa, ele gosta de sentir as gotas passeando por todo seu
corpo. Ele encosta a testa no azulejo frio e deixa a água livre fluir. O
sabonete se dissolve em pequenas bolhas limpando sua pele suada, retirando dele
seu cheiro de homem usado.
Ele deixa a toalha secar seu corpo enquanto o vento frio lhe
arrepia a pele. Cai nu na cama e se deixa adormecer enquanto a música toca.
Marcadores: Casa, Coisa, Crônica, Vida