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| Ensaio - Foto por Carolina Loureiro de Brito |
Eram quase cinco da manhã e aos poucos o azul do céu
clareava. 60 Km/h. Minha mente vazia e embriagada corria. 90 Km/h. O choro veio
como que por inércia, apareceu sem ser notado ou até mesmo convidado.
Meu corpo estava a 150 Km/h. Meu pé pesava contra o pedal.
Era o silêncio seguido por uma chuva fina de cacos de vidro.
E como uma bailarina, o carro rodopiava, dando um salto para
o seu cavalheiro. Foram três rodopios capotados. O cinto abraçava minha cintura
larga. O choro seco me atormentava, tive medo de respirar. No final da dança eu
estava inteiro, intacto, ileso...
O que me deixa mais feliz é saber que na hora em que
morremos é tudo tão rápido que mal sentimos.
*Dedicado a Felipe Paludetti e Vicente Júnior
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