E sem poder ver as horas, ela as tocou. Seus dedos
acariciavam os ponteiros do relógio em seu pulso.
Era nove e vinte da manhã e o dia mal tinha começado. Ela
caminhava com sua bengala tocando suavemente o chão. Sonar de um morcego tão negro quanto seus
cabelos.
Seu olhar branco mirava o nada, imenso vazio sem cor. E, no
entanto, era como se enxergasse o mundo, janelas da alma aberta.
Cegueira branca é de quem vê e não encara o mundo olhos nos
olhos.
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