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Foto de Marcelo Souza Almeida |
Tenho ouvido batalhas, protestos, conflitos e gritos. Tenho
visto o povo gritando e se agitando. Percebo a fúria de uma população que se
acostumou ao silêncio. Uma panela de pressão pronta para espalhar feijão no
teto.
Penso nos motivos e nos discursos, não se trata de
liberdades coletivas, mas de liberdades individuais. O povo se agita e grita,
pois cansou de negar a si em prol de um coletivo nuclear, que é atribuído de um
sentido mágico de segurança.
Nas ruas eles clamam pela liberdade do próprio corpo, de se
mostrarem como são por dentro, pela própria libido que lhes foi comprada.
Pessoas morrem em nome de suas próprias vontades que são oprimidas por um
aparato social precário e antiquado.
Direito ao útero, ao sexo, ao gênero, ao livre pensamento,
ao amor livre. Apelos simples de almas que não querem ser regidas pelos pecados
de outros.
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