
Meus dedos correm ligeiros e varam a madrugada adentro,
infligindo notas e barulhos suspirados pelas ninfas da noite escura.
O descompasso leve dos teus passos e os abraços que me finda
de surpresa. Calado. Vejo e te percebo alado sem tocar o chão. Tua boca
vermelha e saliente a uivar pra lua como um lobo que se diverti em bando.
Meu dedilhar se confunde com um piano e a cada letra perdida
em nosso vocabulário uma nota se expressa (Sol, Si bemol, Mi, Fa sustenido e Ré
menor). Enquanto obedientemente me acabo em verbos, você dança com ar de
criança.
Palavras inteiras e artigos definidos. Posto ali um pequeno
texto que fala de si. A cada frase seguida de vírgula, o menino corre para abraçar
a se balançar nas árvores. Lá vai ele atravessar o Porto.
Adeus meu menino.